O mito do apagão de talentos em TI

O mito do apagão de talentos em TI

Um grande político norte-americano disse certa vez que o maior inimigo da verdade não é a mentira, mas sim o mito: persistente, estranho e irreal. E quando o assunto é carreira na área de TI, diversos mitos são originados e difundidos à exaustão. O maior deles é um velho conhecido dos profissionais da área: sobram vagas excelentes, com salários atraentes, pois falta mão-de-obra qualificada na área de tecnologia.

O Brasil tem bons profissionais de TI em diferentes níveis, trabalhando em estruturas que permitem ou não evoluir tecnicamente. Obviamente há profissionais pouco qualificados ou que entraram na área por acaso, mas esta não é a realidade apenas da área de TI e se desdobra para todas as áreas de conhecimento.

Infelizmente, a área de tecnologia é a que mais sofre com o estigma do “apagão de talentos”. E o mito desse apagão é explicado: muitas vagas não são fechadas simplesmente porque possuem exigências que profissional nenhum consegue suprir. É muito comum encontrar descritivos de oportunidades que buscam profissionais que sejam ao mesmo tempo generalistas e especialistas, com certificações variadas, superformação acadêmica, anos de experiência, fluência em idiomas, disponibilidade completa de horários e algumas até mesmo exigem habilitação e que o profissional tenha carro à disposição do trabalho.

Aproveito o assunto e coloco na mesa de discussão o levantamento realizado pela Brasscom no mês passado, a pedido do Olhar Digital, segundo o qual a média salarial de um profissional de TI em 2013 foi R$ 3 mil. Considerada uma das maiores médias entre os setores da economia, não podemos deixar de refletir que ela se torna baixa frente à exigência da superqualificação pelas empresas em relação aos profissionais. Sem falar no fato de que grande parte das vagas tem remuneração inferior à apontada pela pesquisa. Poucas são as oportunidades com salários mais elevados (e justos) e inúmeras são as propostas com formato PJ e nenhum benefício.

Já estamos vivendo há um bom tempo um cenário que pede mudanças urgentes e efetivas. Precisamos tocar no assunto, discutir, argumentar e promover uma reforma derradeira no mercado. Recentemente o Sindicato dos Trabalhadores de TI em SP, por exemplo, entrou em greve por melhores condições de carreira. A solução, portanto, existe e está nas mãos tanto das empresas quanto dos profissionais; mas falta que ela seja amplamente pensada e apoiada, com a única certeza de que ela vai muito além de greves, paralisações e meras reclamações.

Fonte: Olhar Digital por Mayra Fragiacomo

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